O meu corpo nunca pagou...
Há uns vinte anos, andava eu a servir na casa de uma senhora fina na zona do Chiado, e via muitas vezes o António Variações. Rua acima, rua abaixo... Como era mais nova e nunca tinha visto barbas daquelas fazia-lhe olhinhos enquanto acartava as compras da madame. Apesar de, na altura, ser toda roliça e jeitosa, o rapaz nunca me ligou nenhuma.
Ora ontem, uma sobrinha do meu Júlio, que trabalha numa empresa que faz filmes, disse-me ao jantar que estão a fazer um sobre a vida do tal músico que também era barbeiro e o diabo a sete. Mas acho que há um problema. O tipo que escreveu a história está quase a bater com a porta porque não gostou da conversa do homem que vai meter o dinheiro.
Acho que é o mesmo que esteve por trás do filme do Padre Amaro excitado e daquele sobre a Carolina Salgado. Portanto não me parece que venha daí coisa boa...
Com o Variações ninguém se mete senão a Maria Rosa alça do espanador e vai tudo a eito ao som daquela do corpo é que paga e mais não sei que da cabeça não ter juízo.
Comigo é que ele nunca perdeu o juízo. Já a minha patroa me dizia: «Se queres um barbudo mais vale ires ter com o da Costa da Caparica!».
Maria Rosa, a Sopeira