Uma congestão com sabor a açafrão das Índias
A minha amiga Adília anda muito à frente. Escreveu ontem aqui sobre o filme do barbudo e eu venho ainda falar do filme do indianito que fica ricalhaço. Aquilo já estreou há uma catrefada de semanas e ainda anda tudo com a passaroca aos saltos com o filme. Que é uma maravilha! Que é vibrante, ou lá o que é! Que é obra-prima! Que é melhor que Jesus Cristo e os apóstolos todos juntos e aos saltos!
Olhem, e é mesmo para ser curta e grossa, nem me aqueceu nem me arrefeceu! Para um filme passado na Índia parece que o senhor abusou das especiarias.
Não é que aqui a Maria Rosa esperasse grande coisa. Estes olhos que a terra há-de comer já viram uns filmes do tal senhor inglês que fez este “Quem quer ser Bilionário?” e não tinham ficado muito agradados. Começou tudo com aquele dos drogaditos com estilo e, a partir daí, nenhum dos que apareceram a seguir me amaciou a azia.
O senhor deve ter insónias e depois dá-lhe para isto. Como se a vida de toda a gente (drogados, mortos-vivos e indianos pé-rapados) fosse sempre uma roda-viva com toda a gente a saltar como o maluco lá da terra faz na festa da aldeia quando tocam o «Baile de Verão» do Zé Malhoa.
É um sacana exagerado, é o que é. E isso eu não aguento. Que uma sopeira pode ter muitos defeitos, tudo bem… Que se lambuze de uma ponta a outra, é lá com ela. Que se ajoelhe para tirar uma gordura mais entranhada do forno, aguenta-se. Mas no fim do dia a gente anda de cabeça levantada porque manteve direitinho o código moral das sopeiras.
Este senhor no final de contas parece levar tudo à frente daquela testa enorme que ele tem sem pensar naquilo que está a fazer. Quanto mais vistoso melhor, não é Senhor Boyle? Depois logo se vê se se arranja um espacinho para a gente pôr a cabeça a funcionar.
É claro que não é um mau filme (e às vezes tem momentos de que aqui a Maria Rosa gostou), mas, com tanta gente a falar daquilo com elogios a saltarem da boca como comida mastigada na boquinha de uma daquelas meninas que comem muito para mandar tudo cá para fora, esperava melhor.
Pronto. Tem tudo a ver com aquilo que a gente espera quando entra na sala de cinema. E eu só tinha lá entrado para limpar o chão.
Maria Rosa, a Sopeira